segunda-feira, março 27, 2017

Coaching com base em processo decisório: uma forma avançada de agir


Processo decisório é a competência das competências e, quer as pessoas tenham consciência ou não, elas estão sempre decidindo pois, entre outras coisas, tudo o que somos hoje é fruto das decisões e ações do nosso passado e o que seremos amanhã será decorrências das decisões do nosso presente. Toda decisão é uma escolha entre alternativas e tudo o que se faz na vida é uma alternativa, mesmo porque, não decidir também é uma alternativa. E três coisas são fundamentais, entender de processo decisório, entender sobre o que se decide e entender do assunto sobre o qual se está decidindo, pois quem toma decisões sobre assuntos que desconhece pode estar percorrendo o caminho do desastre.
Para entender sobre o que se decide vamos começar recorrendo ao conceito de cérebro trino do neurocientista Paul MacLean que, estudando a evolução do cérebro, chegou à conclusão que temos três cérebros em um. Primeiro veio o cérebro reptiliano, que era o cérebro dos dinossauros. Com a evolução apareceu o cérebro emocional dos mamíferos inferiores e só depois apareceu o neocórtex, ou seja, o cérebro do pensamento. E estes três cérebros importam na relação pensamento, emoção, ação, resultados. Assim, decidimos sobre os nossos pensamentos, emoções, ações e consequentemente sobre os resultados que queremos e obtemos.
Outro ponto relevante para se entender sobre o que se decide tem a ver com o conceito de jogo interno e jogo externo de Tim Gallwey, que muitos consideram o pai do coaching moderno. Gallwey começou sua carreira como treinador de tênis e constatou que todo tenista tem dois adversários, o adversário externo e o adversário interno e quem perde o jogo interno também perde o jogo externo. E isto vale para qualquer coisa da vida. E o jogo interno tem a ver com nossos estados mentais e emocionais, paixão por vencer, hábitos e crenças.
De qualquer forma, o que deve ficar claro é que:
• É nos momentos de decisão que o nosso destino é definido;
• São nossas decisões e não as condições da nossa vida que moldam o nosso destino;
• Você começa a mudar a sua existência no momento em que toma uma nova decisão. Você deve saber que a qualquer momento uma decisão pode mudar o curso de sua vida para sempre;
• Usualmente, são as pequenas decisões que se tomam todos os dias ao longo do caminho que fazem com que as pessoas tenham sucesso ou fracassem;
• Tudo o que se faz é uma alternativa e toda decisão é uma escolha entre alternativas. E sempre existem várias alternativas; 
• A sua decisão é tão boa quanto a melhor alternativa que você conseguiu encontrar ou criar;
• A verdadeira decisão importa e se manifesta na ação. E sem paixão por vencer não se sai da área do conforto e não se superam as dificuldades e adversidades, inclusive, os fracassos.
O processo decisório é uma disciplina chave para tudo, tanto que Peter Drucker, o chamado guru dos gurus da Administração, considera que o produto final do trabalho de um administrador são decisões e ações. E isto vale não só para administradores, mas também para Coaches, engenheiros, médicos, ou seja lá o que for. Mas por desconhecer ou não levar na devida conta a importância do processo decisório, Coaches estão sujeitos a cometer erros que podem ser graves. Vou dar um pequeno exemplo. Certa ocasião vi a atuação de um Coach de nível internacional num treinamento em que estava presente. Numa demonstração, um participante estava buscando solução para um problema que estava vivendo. Era estudante de economia e já estava no terceiro ano, quando se sentiu completamente atraído por Programação Neurolinguística e coaching.
E como decorrência, largou o curso de economia e passou a se dedicar ao estudo destas duas disciplinas mas, lá pelas tantas, resolveu completar o curso de economia. Entretanto, não estava tendo motivação suficiente. A sua solicitação ao Coach era para ter motivação e o Coach, para isto, instalou uma ancora de motivação. Será que instalar a âncora de motivação foi a melhor decisão ou era preciso antes levar o participante a refletir sobre três alternativas: continuar aprofundando os seus estudos de Programação Neurolinguística e coaching e fazer disto a sua profissão; voltar a estudar economia e fazer disto a sua profissão; perder tempo estudando economia para só então passar a se dedicar à Programação Neurolinguística e ao coaching. E só depois de estudar estas três alternativas concluir se era ou não o caso de instalar uma âncora de motivação.
O que deve ser entendido é que o processo decisório é composto de 4 partes que são perceber, compreender/avaliar, decidir e agir, que eu chamo de PCDA. Vejamos como isto funciona numa consulta médica. Um bom médico, quando é procurado por um cliente, segue sistematicamente o processo perceber, compreender/avaliar, decidir e agir da seguinte forma:
1) coleta de informações, através de perguntas, consulta ao banco de dados, exames como os de laboratório;
2) análise e interpretação das informações, de forma a produzir um diagnóstico;
3) com base no diagnóstico apresenta uma solução, que pode ser, entre outras, medicação, fisioterapia, cirurgia;
4) acompanhamento da implantação da solução até que a situação, ou o motivo da consulta inicial esteja resolvido. E este processo é o mesmo, não importa qual seja a especialidade do médico. E quais as diferenças e semelhanças entre o médico e o Coach? O médico tem que entender do processo PCDA e também da sua especialidade. Já o Coach só precisa entender do PCDA e isto quer dizer que o Coach pode atuar em situações que não saiba nada a respeito do assunto.
Um outro ponto é que o médico faz o diagnóstico e dá a solução, o que é um trabalho semelhante ao de consultoria e em parte ao de aconselhamento. Já o Coach, através do processo, leva o cliente a fazer o diagnóstico, encontrar a solução, decidir e agir. Em suma, a essência do trabalho do Coach é ajudar o cliente no seu processo de reflexão, decisão e ação. Assim, o Coach não precisa entender do conteúdo, ou seja, do assunto, mas precisa entender, e muito, de processo e do poder das perguntas. E o poder das perguntas já havia sido identificado há muito tempo por Sócrates. Também neste sentido, é conveniente citar o cientista Jonas Salk: “A resposta para qualquer problema preexiste. Precisamos fazer a pergunta certa para revelar a resposta”.
Entretanto, é sempre conveniente ressaltar o que diz uma música do compositor Billy Blanco: “O que dá para rir também dá para chorar”. Assim, existem dois tipos de perguntas, as certas e as abobrinhas, inúteis e equivocadas. Para ajudar a fazer as perguntas certas é preciso levar em conta o Princípio de Pareto: “Existem algumas poucas coisas relevantes em relação a muitas coisas triviais”.
1) Coaching não é resposta e não serve para tudo
Cabe lembrar o caso de uma empresa multinacional, cujos diretores, embora fossem competentes, eram extremamente competitivos, e isto dificultava não só as negociações internas, mas também o trabalho com objetivos comuns e, como consequência, o cumprimento de metas. Estes diretores receberam um comunicado do departamento de recursos humanos, em que o RH explicava que havia contratado uma empresa de coaching que tinha como objetivo melhorar o desempenho da equipe, através da melhoria das relações entre estes diretores. Foram designados dois Coaches, as sessões de coaching duraram seis meses e custaram bastante dinheiro. E, como era de se esperar, o resultado foi tempo e dinheiro jogado fora, pois tudo continuou como antes, dentro do princípio: “é preciso que as coisas mudem para ficar como estão”. O que aconteceu? Na fachada, ou seja, nas aparências, durante as sessões os diretores se mostravam interessados e dispostos a buscar e encontrar soluções cooperativas. Mas, por baixo do pano, continuavam igualmente competitivos, só que agora muito mais dissimulados. Resumindo: os diretores manipularam os Coaches.
E por que não podia ter dado certo? Entre outras coisas, porque estes dois Coaches não entendiam de processo decisório e de solução de problemas, ou seja, do processo PCDA. Assim não começaram por avaliar se o problema em questão era um trabalho de coaching ou de outras coisas, como solução de conflitos, negociação, mediação, em que a participação do diretor presidente poderia ser fundamental e imprescindível. Ou mesmo, o problema poderia estar na estrutura organizacional ou no sistema de recompensas que privilegiava os mais competitivos.

2) Quando o coaching é o caminho e dá a resposta

Portanto, é preciso que se tenha consciência de que tudo o que somos hoje é fruto das decisões e ações que fizemos no passado e o que seremos amanhã será fruto das decisões e ações que estamos fazendo no presente. E mais ainda: é impossível não decidir, pois não decidir já é uma decisão. E isto é fundamental no coaching baseado em processo decisório e solução de problemas. Assim sendo, é básico a pergunta: Por que uma pessoa procura um Coach? Porque está diante de uma situação que não consegue resolver sozinha e precisa de ajuda. Ela não consegue avaliar, diagnosticar e decidir para poder agir.
Os problemas apresentados pelos clientes podem ser os mais variados possíveis, tais como: “dificuldade de fazer o que quer por receio de desagradar o pai, emagrecer, não saber administrar o tempo, identificar se uma situação é uma oportunidade ou uma armadilha, não saber o que fazer da vida, seja no aspecto profissional, seja no aspecto pessoal, resistência para aprender a usar o computador”. O Coach, após as negociações de expectativas, deve prosseguir com perguntas de três categorias:
1) Qual é a situação problema? Qual a solução e o objetivo? Ou seja: identificação da situação atual e da situação desejada.
2) Qual o processo? Ou seja: como passar da situação atual para a situação desejada.
3) Quais os recursos necessários? Assim, por exemplo, se a situação é de má administração do tempo, um recurso extremamente útil é a Matriz Importância/Urgência. Já se é relativo a objetivos e projetos de vida, pode ser útil a Roda da Vida. Se for coaching executivo, ajuda o conhecimento da Teoria Geral dos Sistemas, o Modelo dos 7 E’s da McKinsey e a estrutura dos níveis organizacionais.

3) Outros aspectos importantes

• Coaching é prático e objetivo e é daqui para frente. Só se volta ao passado para identificar e resgatar recursos que a pessoa dispõe e que são necessários para fazer face aos desafios do presente. Nada de regressão, hipnose ou procedimentos semelhantes;
• O Coach deve entender muito sobre o ser humano a fim de identificar o que ajuda ou atrapalha no processo de decisão e ação. E entre os fatores importantes estão: crenças, valores, querer profundo, administração dos estados mentais e emocionais, utilização da mente inconsciente e hábitos, pois como já dizia John Dryden: “Primeiro nós fazemos nossos hábitos, depois nossos hábitos nos fazem”.
• Existem clientes que não são para coaching. São clientes que sabotam o trabalho e representam fracasso na certa. O Coach pode até encaminhar para outros profissionais. Entre estes clientes estão os que não fazem o dever de casa, os que chegam frequentemente atrasados nas sessões, os que insistem em voltar continuamente para o passado, os que ficam pulando de galho em galho, os não querem assumir responsabilidade pela própria vida, culpando todo mundo pelos seus problemas, os que não conseguem se libertar da consciência mágica, como por exemplo, querer emagrecer fazendo dieta de lutador de sumô, ou querer ficar rico da noite para o dia. De qualquer forma, cada caso é um caso.
• Existem situações que não são para coaching. Se a fábrica estiver pegando fogo não faça uma sessão de coaching para procurar identificar a forma pela qual o incêndio será apagado. O que se deve levar em conta é que o coaching é não diretivo e às vezes é fundamental ser diretivo.
• Ser consciente de que o processo decisório é a competência das competências e o processo PCDA é a base das decisões e ações inteligentes. E sem decisões e ações inteligentes ninguém vai a lugar algum, a não ser para o caos. Isto sem considerar que quem conhece processo decisório melhora a qualidade dos seus diálogos internos e pensamentos. E como já dizia Buda: “Tudo o que somos é resultado do que pensamos”.
E, para concluir, uma frase de John Schaar: “O futuro não é o resultado de escolhas entre caminhos alternativos oferecidos pelo presente, e sim um lugar criado, criado antes na mente e na vontade, criado depois na ação. O futuro não é algum lugar para o qual estamos indo, mas um lugar que estamos criando. Os caminhos não são para serem encontrados, e sim feitos, e a ação de fazê-los muda ambos o fazedor e o destino".

Portal Administradores; J.Augusto Wanderley

sexta-feira, março 10, 2017

O que La La Land nos ensina sobre escolhas profissionais

Filme com 14 indicações ao Oscar vai muito além das músicas e faz pensar em como fazer escolhas da melhor maneira realizando os sonhos

Por Gislene Isquierdo*
Os personagens Mia (Emma Stone) e Sebastian (Ryan Gosling) no filme La la land | <i>Crédito: Flickr/BagoGames
Os personagens Mia (Emma Stone) e Sebastian (Ryan Gosling) no filme La la land | Crédito: Flickr/BagoGames
O filme “La La Land – Cantando Estações”, que já é considerado um dos favoritos para ganhar o Oscar desse ano, fez muitas pessoas saírem do cinema com vontade de cantar e dançar. O que poucos perceberam é que o filme é um ponto de partida para aprender importantes lições sobre como conduzir a carreira e realizar os sonhos profissionais. Para pensar nisso, precisamos refletir sobre 5 elementos da história do filme e por isso, este texto precisa revelar detalhes da trama.
 
Logo no início da história, Sebastian é despedido de um trabalho no qual ele tem que tocar músicas que não gosta.
Lição número 1 – Área similar:
Muitas vezes, você terá que realizar atividades que não são tão prazerosas quanto gostaria, mas se de alguma forma o seu trabalho atual estiver ligado à área de atuação dos seus sonhos, continue. Isso pode ser um degrau a mais na escada da sua realização profissional.
 
Mia, que trabalha de atendente em uma cafeteria, leva um não atrás do outro ao realizar testes para ser atriz.
Lição número 2 – Persistência.
Enquanto você está buscando a carreira dos seus sonhos, tenha um trabalho que te dê condições financeiras e não fique em casa esperando acontecer. E saiba receber com o ‘não’, isso te deixará mais forte e maduro para lidar com o ‘sim’.
 
Mia vê Sebastian ser despedido e vai falar com ele, porém ele a destrata.
Lição número 3 – Relacionamentos
Esteja aberto a conhecer novas pessoas e trate-as bem. Você nunca terá certeza de quem serão as pessoas que irão te apoiar a realizar o seu sonho profissional. Inclusive, esse é um ponto importante. Você realizará seus sonhos de forma mais rápida se tiver o apoio de pessoas. Então quero aproveitar e te fazer uma pergunta: Você é mestre ou desastre nos seus relacionamentos? De 0 a 10, quão bom você é na arte de se relacionar? 
 
Sebastian e Mia começam a namorar e ele não consegue ir a um evento muito importante para ela, pois ele esqueceu as datas e já tinha marcado um compromisso com a banda na qual estava tocando.
Lição número 4 – Organize sua agenda: 
Uma boa organização da agenda permite que todos os compromissos sejam feitos. Uma agenda organizada permite que até mesmo a rotina mais atribulada contemple todos os compromissos. E quando o compromisso for muito importante, coloque um lembrete no seu celular.
 
Mia passa em um teste e consegue realizar seu sonho de ser atriz, enquanto Sebastian está tocando em uma banda, realizando muitas turnês, o que permite que ele ganhe muito bem e junte dinheiro para montar a sua própria casa de jazz. No entanto, em meio a toda a trama os dois se separam e vão viver seus sonhos profissionais.
Lição número 5 – Encontre saídas: 
Muitas vezes, uma oportunidade profissional parece afetar algo pessoal. Um trabalho em outra cidade ou país parece atrapalhar alguns projetos pessoais, e uma promoção pode exigir mudanças não planejadas. Mas as opções nem sempre são óbvias e divididas entre o sim e o não. O segredo é encontrar formas de realizar os sonhos de uma área sem atrapalhar as outras.

*Este artigo é de autoria de Gislene Isquierdo, psicóloga, master coach e especialista em desenvolvimento humano, e não representa necessariamente a opinião da revista.

A ilusão e a oportunidade da crise

É durante momentos econômicos como o atual que residem as melhores oportunidades para as empresas contratem profissionais qualificados por salários mais enxutos
Alexandre Attauah*
Seleções: o ponto de atenção está na agilidade, sem descuidar da qualidade, para não perder profissionais talentosos para outras oportunidades | <i>Crédito: Pixabay
Seleções: o ponto de atenção está na agilidade, sem descuidar da qualidade, para não perder profissionais talentosos para outras oportunidades | Crédito: Pixabay

Um cenário econômico desfavorável pode ser traiçoeiro quando o tema é o recrutamento de profissionais qualificados. Ao mesmo tempo em que o momento sugere uma oportunidade para as empresas encontrarem mais talentos, uma vez que existem mais profissionais disponíveis, há a ilusão de que essa tarefa seja mais fácil.
 
O processo de desligamento de um profissional nunca é fácil. Ainda mais em cenários adversos. Se a companhia passa por dificuldades é preciso um critério para realizar o corte. Em geral, a primeira análise feita é em relação à performance profissional. Os primeiros a perderem seus postos são aqueles que estão abaixo do rendimento esperado. À medida em que a situação se torna mais crítica, a empresa se vê obrigada a abrir mão também de bons profissionais, principalmente se estiverem com salários muito elevados para o momento de mercado. Estes, porém, costumam estar em menor número do que os da primeira leva.
 
O desafio de recrutar se torna ainda mais complexo. Há maior oferta de profissionais, porém com características diversas, ou seja, desde perfis de baixa performance a executivos de alta qualificações com salários elevados e fora da realidade do cenário econômico atual. Dessa forma, quando uma vaga é aberta, os recrutadores recebem centenas de currículos que, infelizmente, não atendem à demanda.
 
Curiosamente, apesar da dificuldade de selecionar o perfil ideal em meio a elevada oferta de candidatos, é durante momentos econômicos como o atual que residem as melhores oportunidades para as empresas contratem profissionais qualificados por salários mais enxutos. Quando o mercado está desaquecido o poder de negociação passa para o lado das companhias, já que não há tantas vagas no mercado.
 
Em algumas áreas como finanças e contabilidade, que sofre maior pressão por redução de custos e resultados mais apurados, além da necessidade de poder absorver maior volume de trabalho com a menor equipe possível, é insustentável manter profissionais de baixa performance. 
 
Enquanto o mercado estiver turbulento, as empresas que souberem reavaliar as equipes da área de custos, fiscais, auditoria, cobrança e crédito, subindo a régua do desempenho com substituições estratégicas ou a partir da contratação de talentos com salários mais condizentes com o cenário, seja em posições permanentes ou por projetos especializados, estarão mais preparadas e competitivas para quando os ventos da economia soprarem a favor. Aliás, quando o mercado aquecer, os bons profissionais voltam a ter os seus salários valorizados e o custo para atraí-los também aumenta.
 
Dessa maneira, é preciso olhar para os processos de recrutamento como algo estratégico para a companhia. É necessário dedicação para que ele seja realmente bem feito e eficiente para atrair os profissionais ideais para a vaga. Independente do momento do mercado, o ponto de atenção está na agilidade, sem descuidar da qualidade, para não perder profissionais talentosos para outras oportunidades. Não há dúvidas, no entanto, de que agora é o melhor momento para reforçar as equipes com mão de obra qualificada e se preparar para os desafios futuros. 
 
*Este artigo é de autoria de Alexandre Attauah, gerente sênior da Robert Half, e não representa necessariamente a opinião da revista

segunda-feira, março 06, 2017

4 táticas para derrotar o procrastinador que existe em você




Procrastinar é humano. Mas existem algumas técnicas simples para cumprir prazos no trabalho e melhorar a sua relação com o tempo
São Paulo – O hábito da procrastinação faz parte da natureza humana. Em sua busca constante por prazer e conforto, nosso cérebro é hábil em criar desculpas para adiar tarefas complexas, intrincadas ou desinteressantes.
Embora universal, essa postura é reforçada por um traço cultural do brasileiro, diz diz Andrea Piscitelli, professora da Faap e especialista no tema.
Tradicionalmente menos preocupados com atrasos, costumamos dar uma importância relativamente menor às pequenas (ou grandes) acomodações de prazos no trabalho.
Assim, dos problemas pessoais às horas extras trabalhadas no dia anterior, tudo vira motivo para se permitir mais alguns minutos de descontração antes de iniciar uma tarefa maçante.
Na visão do professor Alessandro Saade, fundador da iniciativa Empreendedores Compulsivos, a característica má administração do tempo do brasileiro tem ainda um fator agravante: a crise econômica vivida pelo país.
“Diante de tanto desânimo no mercado de trabalho, muita gente acaba ficando melancólica, paralisada e improdutiva, o que por sua vez causa ainda mais insatisfação”, explica ele.
A boa notícia é que é possível vencer o marasmo e o vício de adiar tarefas com algumas táticas simples. Veja a seguir 4 delas:

1. Não comece a trabalhar imediatamente

Sim, isso mesmo: para evitar atrasos, você não precisa ter pressa. De acordo com Piscitelli, é mais estratégico dedicar os primeiros 20 minutos do expediente ao planejamento. “Em vez de começar a trabalhar imediatamente em qualquer coisa, pare para analisar com calma quais são os seus compromissos e tarefas do dia”, orienta a professora da Faap.
Faça então uma lista com as suas prioridades: primeiro o que é urgente e importante; depois o que não é urgente, mas é importante; em seguida, o que não é importante, mas é urgente; e, por último, o que não é urgente nem importante. Quanto mais claro e organizado estiver o seu roteiro para o dia, menor a probabilidade de você “sair dos trilhos”.
Ainda assim, pondera Piscitelli, é importante ter jogo de cintura para flexibilizar a sua agenda diante de eventuais imprevistos – mas só até certo ponto.

2. Procure conectar pequenas tarefas a grandes propósitos

Para Tathiane Deândhela, autora do livro “Faça o tempo trabalhar para você” (Editora Ser Mais, 2016), muitos procrastinadores criam mecanismos inconscientes para atrasar certas atividades porque no fundo não querem executá-las. “Isso ocorre especialmente quando você não enxerga como aquela tarefa agrega valor à sua vida”, explica.
Uma forma eficaz de lidar com isso é visualizar como cada pequena entrega do seu cotidiano se liga aos seus grandes objetivos de carreira. Preencher uma planilha semanal de acompanhamento para o seu chefe pode parecer uma tarefa operacional e pouco importante, mas servirá para mostrar a ele a qualidade do seu trabalho – o que, a médio prazo, poderá se traduzir numa promoção ou num aumento, por exemplo.
Para Deândhela, faz toda a diferença pensar nas razões mais significativas para cada ação do dia a dia. Enquanto não enxergar um sentido profundo nos seus afazeres, você sempre estará suscetível à autossabotagem.

3. Adote um “assistente”

Você já teve a sensação de que precisaria de um secretário pessoal para organizar a sua agenda? Saiba que a sua demanda faz todo o sentido – mas que não necessariamente a ajuda precisa ser humana. Há uma infinidade de sites, aplicativos e dispositivos tecnológicos que foram desenvolvidos especialmente para salvar os procrastinadores.
Saade recomenda duas ferramentas gratuitas. A primeira é o Google Keep, gerenciador de tarefas que possibilita criar, editar e cruzar tarefas. Nele, é possível criar rótulos para cada atividade, como “reunião”, “aula”, “família”, “projeto A”, “projeto B”, além de programar lembretes. A segunda sugestão do professor é a ferramenta Insightly, que permite gerir projetos por meio de pipelines e compartilhar tarefas com outros usuários.
Há, porém, uma ressalva fundamental. Sem clareza sobre as suas prioridades ou motivação para cumprir seus compromissos, dificilmente a tecnologia vai ajudar. “Se você estiver desorganizado, os sons, luzes e notificações constantes dos aplicativos podem até se tornar uma fonte de irritação, e logo você irá abandoná-los”, diz Saade.

4. Crie mecanismos de recompensa

A psicologia comportamental fornece alguns dados interessantes para gerir melhor o tempo. Um deles é a suscetibilidade do nosso comportamento às recompensas.
De acordo com Saade, o autoconhecimento é fundamental para usar esse mecanismo a seu favor. “Você precisa se conhecer bem para saber o que traz prazer e gratificação para você”, explica ele. “Pode ser uma sessão de 10 minutos numa rede social, uma pausa para tomar um café ou ler um livro, por exemplo”.
Definidos os “presentes” que você mais deseja, o passo seguinte é vinculá-los ao cumprimento de cada etapa de trabalho. Se você precisa fazer um relatório, por exemplo, combine consigo mesmo que só levantará para tomar um café assim que concluí-lo. Além de representar uma motivação extra para terminar a sua atividade, a recompensa trará uma sensação de conquista e merecimento, dois ingredientes fundamentais para impulsionar ainda mais a sua produtividade.